"A título de esquema é comum dizer que o realismo moderno e a tragédia clássica são formas históricas de uma imaginação esclarecida que se confronta com a verdade, organizando o mundo como uma rede complexa de contradições apta a definir os limites do poder dos homens sobre seu destino, ao mesmo tempo que os obriga a reconhecerem a própria responsabilidade sobre ações que terminam por produzir efeitos contrários aos desejados. Em contrapartida, ao melodrama estaria reservada a organização de um mundo mais simples em que os projetos humanos parecem ter a vocação de chegar a termo, em que o sucesso é produto do mérito e da ajuda da Providência, ao passo que o fracasso resulta de uma conspiração exterior que isenta o sujeito de culpa e transforma-o em vítima radical. Essa terceira via da fabulação traria, portanto, as reduções de quem não suporta ambigüidades nem a carga de ironia contida na experiência social, alguém que demanda proteção ou precisa de uma fantasia de inocência diante de qualquer mau resultado. Associado a um maniqueísmo adolescente, o melodrama desenha-se, nesse esquema, como o vértice desvalorizado do triângulo, sendo, no entanto, a modalidade mais popular na ficção moderna, aparentemente imbatível no mercado de sonhos e de experiências vicárias consoladoras."
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O olhar e a cena, Ismail Xavier
O olhar e a cena, Ismail Xavier
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[Sou apaixonado pelo estilo retórico de Ismail Xavier, pela concisão de sua linguagem, o uso que faz da palavra precisa, e ainda assim, a capacidade de fazer o texto soar como fala exata, corrente, moderna. É um exemplo de raciocínio depurado traduzido em bom Português do Brasil. ]
[Sou apaixonado pelo estilo retórico de Ismail Xavier, pela concisão de sua linguagem, o uso que faz da palavra precisa, e ainda assim, a capacidade de fazer o texto soar como fala exata, corrente, moderna. É um exemplo de raciocínio depurado traduzido em bom Português do Brasil. ]
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